O pagamento de dividendos mensais, livres de imposto de renda, é o fator que mais acaba atraindo investidores para os Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs). Afinal, ter uma renda mensal pingando todo mês na conta é sempre interessante.
O site UOL buscou a ajuda de especialistas para entender quanto é necessário ter aplicado para receber R$ 10 mil por mês de renda passiva e o que deve pesar na decisão de escolha do investidor.
O especialista em renda imobiliária da Empiricus Research, Caio Araújo, diz que a média de dividendos pagos pelos fundos que integram o Ifix, indicador que contempla a cotação média dos FIIs listados na B3, foi de 11,47% nos últimos 12 meses, ou 0,95% ao mês. Assim, o investidor precisaria ter R$ 1.046.207,50 investidos para receber os R$ 10 mil mensais.
Quais foram os fundos que mais pagaram dividendos? Com base na remuneração em 12 meses, os maiores fundos pagadores são:
URPR11 (crédito) – 19,03%
CPOP11 (lajes corporativas) – 14,46%
RELG11 (logística) – 11,77%
JFLL11 (shoppings centers) – 10,37%
ABCP11 (residencial) – 8,95%
Dessa forma, para ter os R$ 10 mil por mês ou R$ 120 mil por ano, seriam necessários investir, em cada um deles:
URPR11 (crédito) – R$ 630.583,29
CPOP11 (lajes corporativas) – R$ 829.875,52
RELG11 (logística) – R$ 1.019.541,21
JFLL11 (shoppings centers) – R$ 1.340.782,12
ABCP11 (residencial) – R$ 1.157.184,19
Sempre tenha em mente que resultado passado não garante futuro: O especialista da Empiricus Research afirma que o pagamento pelos fundos varia.
No caso dos fundos de tijolos (que investem em prédios físicos), o retorno pago aos cotistas depende da ocupação dos imóveis e revisão dos aluguéis ao longo dos meses, o que pode variar para cima ou para baixo.
No caso dos fundos de papel, como os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), a remuneração pode mudar conforme o IPCA ou a taxa básica de juros, a Selic.
Além disso, o dividend yield (valor pago em relação ao preço da cota do investimento) contempla o pagamento dos últimos 12 meses dividido pelo preço atual da cota. Assim, caso a cotação de um fundo específico sofra uma queda brusca, os investidores podem receber dividendos maiores. Portanto, o histórico não vai determinar os ganhos futuros.
Como escolher os melhores fundos? Caio Araújo diz que mais do que a rentabilidade, o investidor deve visar uma boa diversificação, verificar o nível de liquidez dos ativos, buscar boas gestoras e entender o grau de risco. “Muitas vezes fundos que pagam mais dividendos têm portfólios mais arriscados, enquanto fundos com proventos menores oferecem maior segurança”, afirma.
No caso da diversificação, o investidor pode escolher de cinco a 15 fundos, dependendo da renda e tamanho do aporte.
Como saber se um fundo tem imóveis de qualidade? Para Nicolas Merola, analista da casa de análises Inv, o investidor não deve tomar a decisão de investir observando exclusivamente o retorno. “A qualidade dos imóveis e dos inquilinos é muito mais importante do que a renda”, declara.
De acordo com dados da Bloomberg, os setores de fundos imobiliários que pagaram dividendos na média dos últimos 12 meses foram aqueles que aplicam em:
Crédito – 13,75%
Agências bancárias – 12,11%
Híbridos (com ativos de papel e tijolo) – 9,77%
Renda urbana (ativos em grandes cidades) – 9,57%
Fundos de Fundos (FoFs) – 8,64%
Um exemplo são as agências bancárias. Mesmo sendo um dos setores que mais distribuíram dividendos, Merola diz que prefere deixar de fora da carteira este tipo de FII, uma vez que as agências não devem continuar atuando da mesma forma no futuro, com espaços físicos espalhados por todo o país.
O analista diz que FIIs mais tradicionais, como lajes corporativas, galpões logísticos e shoppings centers, podem oferecer mais tranquilidade para os investidores. A partir daí, vale buscar pelo menos um imóvel com segurança para investir.
Fonte: UOL