Quem acompanha as redes sociais pode ter a impressão que atrações como a Pipoca da Ivete, apresentado pela cantora Ivete Sangalo; o Encontro, de Patrícia Poeta; ou a Sessão da Tarde, estão com os dias contados. De maneira geral, os comentários sobre a queda de audiência desses programas parece prova irrefutável do fracasso iminente.
Mas em entrevista à coluna Splash, Amauri Soares, diretor da TV Globo e Afiliadas, descreve um cenário completamente diferente dentro da emissora e inclusive revela em primeira mão que a Pipoca da Ivete será renovada.
“Nós estamos super satisfeitos com a performance do Pipoca e vamos fazer uma nova temporada no ano que vem. A audiência, a repercussão e os resultados comerciais estão indo muito bem. É um programa que pega a turma do almoço e prepara para o futebol e depois o Luciano Huck”, revela o executivo.
Medir a relevância de um programa de televisão vai muito além de observar somente o número do Ibope, aponta Soares. “A audiência é muito importante porque nos dá as respostas de quem está vendo o quê, onde, por quantos minutos. Então, hoje a gente tem os dados do ‘ao vivo’, da audiência, on demand e vamos consolidando isso por sete dias, assim como é feito nos Estados Unidos e Europa”.
Mas o que define o sucesso de uma atração não se limita ao Ibope. A capacidade de gerar conversas e se tornar um fenômeno cultural e social é fundamental. “Nós medimos, analisamos o impacto dos nossos conteúdos nas nossas redes sociais e nas de terceiros. Por que? Porque a capacidade de um conteúdo de gerar conversas, diálogos e debates está diretamente ligado à sua percepção de relevância”.
Segundo o executivo, 96% de tudo que se tuíta no Brasil sobre conteúdo audiovisual é conteúdo da grade da Rede Globo. A “força do mix” é a prioridade. “Nenhuma ferramenta traz uma verdade absoluta. O segredo está em olhar a audiência, o buzz digital e a performance comercial”, diz.
Isso ajuda a explicar por que o Encontro, agora apresentado por Patrícia Poeta, apesar de críticas na mídia e redes sociais, é avaliado como um sucesso pela emissora. “No caso do Encontro, faltou uma questão de conhecimento. O mês de julho é tradicionalmente de menor audiência porque as crianças estão em férias. Isso sempre provoca uma pequena queda na nossa audiência nesse período”.
Por que a estreia de Patrícia Poeta não foi adiada para agosto?
Questões de contrato e prioridades comerciais pesaram na decisão. Para a Globo, a audiência não era a prioridade e a aposta é que ela viria naturalmente com o fim das férias escolares, o que de fato aconteceu. “Estávamos confiantes de fazer a coisa certa, e nesse cenário, o Encontro hoje tem a melhor audiência desde 2012 e posso dizer que essa mudança de grade foi técnica e ficamos muito satisfeitos com os resultados. As métricas do Encontro e do Mais Você vão continuar crescendo”, afirma o executivo.
O executivo lembra ainda que nem sempre a visão dos colunistas de TV ou grupos dentro de redes sociais têm sobre um artista ou um programa refletem a realidade da maioria da audiência.
Segundo Soares, as decisões na programação acontecem por questões técnicas e muitas vezes deixam de ser observadas por quem avalia de fora. Um exemplo foram as mudanças impostas na grade pela pandemia. “O Brasil depois da pandemia é diferente. Invertemos programas, buscamos alternativas para apoiar quem estava produzindo em casa, trabalhando em home office, mas queria informação. Havia uma demanda por entretenimento e notícias em horários diferentes”, lembra.
Existem ainda casos em que a concorrência leva a emissora a realizar mudanças. Quando a Globo abriu mão do futebol para economizar com direitos autorais, tirou Masked Singer das noites, onde liderava com amplos números no Ibope, e levou o programa para os domingos. Ao competir com o futebol, os números caíram, mas a atração com Ivete Sangalo garantiu à Globo a liderança no horário, apesar de uma “queda” do número do programa no Ibope.
A Globo, assim como suas concorrentes na TV, pensa mais em participação (share) ao longo do dia, do que apenas no número pontual de um programa. Atrair a atenção das pessoas é um desafio cada vez maior com o aumento da concorrência do streaming e plataformas digitais. Mas na TV, a liderança entre o percentual de usuários que assistem TV aberta segue com a Globo isolada na liderança. Nem a ida do futebol para os concorrentes ameaçou essa posição.
A Sessão da Tarde vai acabar?
Apreensivo (e saudosista), questiono Soares se a Sessão da Tarde vai mesmo acabar, como afirmaram recentemente alguns sites. “Em tese, qualquer programa da grade pode acabar em algum momento. Temos um ciclo de programação que pode ser de um ano, seis meses ou anos. Mas vamos calibrando sempre. A Sessão da Tarde continua ocupando um espaço relevante, e nos entrega aquilo que esperamos, com uma audiência significativa. Pós-pandemia, vemos várias gerações vendo juntas um filme, trocando experiências. Esse momento afetivo familiar é muito relevante. Não temos intenções de tirar a Sessão da Tarde do ar”.
Com informações de UOL