O Rio Grande do Norte tem vivenciado um aumento nos casos de Covid-19. Nesta quarta-feira 22, por exemplo, foram registrados 985 infectados pelo vírus. O cientista e diretor executivo do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ricardo Valentim, explica o porquê do aumento, alerta sobre a estagnação da imunização, e prevê que os números de novos casos comecem a cair na segunda quinzena do mês de julho.
O pesquisador explica que o aumento de casos de Covid-19 no Rio Grande do Norte já era esperado, por causa da sazonalidade e das síndromes gripais. Ele destaca que não é algo que esteja ocorrendo somente no RN, mas também no resto do Brasil e do mundo.
“Uma das coisas que explica esse aumento de casos é também a questão da estagnação da imunização que a gente está vendo no Brasil. O país estagnou e o Rio Grande do Norte também, ocorreu uma estagnação principalmente quanto à terceira dose. O nosso estado deveria estar neste momento acima dos 70% de pessoas imunizadas com a terceira dose. Como nós estamos atrasados nessa imunização, o que estamos vendo são pessoas que estão adoecendo. Porém, felizmente, esse adoecimento é de casos mais leves”, disse.
E continuou: “Nós chegamos a ter 400 pacientes internados em UTI, na época da variante Gama com a metade do número de novos casos. Já na variante Ômicron, tivemos mais do que o dobro de casos em relação a Gama, mas só tínhamos 120 pacientes internados”.
O pesquisador alega ainda que há uma atenuação da contaminação e dos adoecimentos em virtude da camada de proteção que está sendo criada na sociedade em função da imunização. “O aumento de casos ainda é menor do que vimos durante a Ômicron, o que significa que a vacinação, a imunização e a própria circulação do vírus têm conferido uma proteção para a sociedade.”, descreveu.
De acordo com Valentim, neste momento a maior recomendação que deve ser dada para a população é para tomar a terceira dose. Mesmo que esteja sendo feito um esforço para a quarta dose – que no momento é importante na população acima dos 40 anos – o maior problema é que parte da população jovem de 18 a 50 anos não tomou a terceira dose da vacina.
Ele conta que é exatamente essa população que está adoecendo. “Graças a imunização dada pela primeira e segunda dose, nós não estamos vendo internação grave. Mas temos um grande grupo de pessoas não vacinadas ou com vacinas em atraso que chega a mais 700 mil pessoas”.
Recentemente, pesquisadores detectaram duas novas variantes da Ômicron em Natal. Para Ricardo, esses novos casos estão relacionados a essas variantes. “Sim, pois essas sub variantes são as que estão circulando mais, isso já é normal, é importante dizer que é normal e esperado, pois são da natureza do vírus. Então muito provavelmente durante a história da Covid daqui para frente vamos ver outras sub variantes. A dominante no Brasil hoje é a Ômicron, que tem uma capacidade de replicação muito grande. Por isso, precisamos fortalecer a imunização. É importante que a população saiba que por um período ainda vamos conviver com a Covid, até que ela seja uma doença endêmica como é a gripe“, alertou Valentim.
Previsão
Segundo o pesquisador, os casos devem continuar aumentando no RN. Porém, logo em breve, haverá uma redução desse número de casos, assim como aconteceu em todos os períodos da pandemia. “Nossos estudos mostram que em 30 ou 35 dias esses casos começarão a reduzir. Isso deve ocorrer mais ou menos depois da segunda quinzena de julho. É o que esperamos: essa redução no número de novos casos, em virtude da imunização e também da própria circulação do vírus”, frisou ele. (Supervisão da jornalista Nathallya Macedo).