Novas variantes do coronavírus capazes de enganar o sistema imunológico e mais transmissíveis devem surgir nos próximos meses, aponta pesquisa feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Sírio-Libanês. Publicado na revista Viruses, o estudo alerta que essa é uma alta probabilidade e aumenta com a grande circulação do coronavírus – propiciada pela retomada do contato social – e não é possível afirmar que a letalidade menor apresentada pela Ômicron deve se repetir. O cenário ainda é preocupante, com cidades enfrentando lockdowns, como Xangai, na China.
A pesquisa revisou mais de 150 artigos científicos. Foram analisados aspectos do vírus, como seu potencial de mutação, a capacidade de controle do sistema imune, a transmissibilidade e a eficácia das vacinas. Quanto maior for a circulação do vírus, maior a probabilidade do surgimento de novas variantes. “Essa é uma questão probabilística. Novas variantes são esperadas, o problema é diminuir as restrições (de contato social) que aumentam a circulação do vírus”, diz Cristiane Guzzo, pesquisadora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da USP e uma das autoras do artigo.
Ela explica que, por ora, estamos em uma situação confortável, que deve durar pelos próximos meses, período em que a imunidade criada pelas doses de reforço das vacinas e pelo alto índice de contaminação da variante Ômicron permanecerá alta. Depois disso, novas contaminações devem propiciar o surgimento de variantes ainda mais contagiosas, o que também deverá diminuir a eficácia das vacinas.