Dois blocos de anotações de Charles Darwin “roubados” foram misteriosamente devolvidos à Universidade de Cambridge, no Reino Unido, 22 anos depois de terem sido vistos pela última vez.
Os pequenos blocos com capa de couro valem milhões de libras e incluem o esboço da “árvore da vida” do cientista.
O regresso deles acontece 15 meses depois de a BBC ter destacado pela primeira vez que haviam desaparecido e a biblioteca ter lançado um apelo mundial para encontrá-los.
“Eu me sinto feliz”, diz a bibliotecária da universidade, Jessica Gardner.
“Eles estão seguros, estão em boas condições, estão em casa.”
Mas a identidade de quem devolveu os dois bloquinhos de anotações, do tamanho de um cartão-postal, é um verdadeiro mistério.
Eles foram deixados anonimamente em uma sacola de presente rosa brilhante contendo a caixa azul original em que os cadernos estavam guardados e um envelope pardo simples.
Nele, estava impressa uma breve mensagem: “Bibliotecária, Feliz Páscoa. Beijo”.
Dentro, estavam os dois blocos, bem embrulhados em plástico filme. O pacote havia sido deixado no chão, em uma parte pública da biblioteca sem câmeras de circuito interno de segurança, do lado de fora do escritório de Gardner.
“Eu estava tremendo”, diz ela sobre sua reação ao ver a bolsa e seu conteúdo pela primeira vez em 9 de março.
“Mas também fui cautelosa porque até desembrulhar, você não pode ter 100% de certeza.”
Seguiu-se uma espera agonizante de cinco dias entre encontrar o pacote e a polícia conceder permissão para retirar o plástico filme, examinar os blocos e confirmar se eram genuínos.
Ela admite que temia não ver em vida a devolução dos blocos.
“Achei que levaria anos. Meu sentimento de alívio pelo retorno seguro dos blocos é profundo e quase impossível de expressar adequadamente. Fiquei com o coração partido ao saber da perda deles e minha alegria pelo retorno deles é imensa”.
Os blocos de notas datam do final da década de 1830, depois que Darwin voltou das Ilhas Galápagos. Em uma página, ele desenhou um esboço fino de uma árvore, que ajudou a inspirar sua teoria da evolução e, mais de 20 anos depois, se tornaria uma teoria central em sua obra revolucionária A Origem das Espécies.
“A teoria da seleção natural e da evolução é provavelmente a teoria mais importante nas ciências ambientais da vida e da terra e estes são os blocos de anotações em que essa teoria foi elaborada”, diz Jim Secord, professor emérito de história e filosofia da ciência na Universidade de Cambridge.
Os manuscritos foram vistos pela última vez em novembro de 2000, após “uma solicitação interna” para removê-los do cofre das coleções especiais da biblioteca para serem fotografados.
Só durante uma verificação de rotina, dois meses depois, que foram dados como desaparecidos. Inicialmente, os bibliotecários pensaram que haviam sido colocados de volta no lugar errado na vasta biblioteca da universidade, que contém mais de 10 milhões de livros, mapas e manuscritos.