Pintada de preto, estátua de Iemanjá em Natal volta a ser alvo de vandalismo

A estátua de Iemanjá, erguida na orla da Praia do Meio, em Natal, voltou a ser alvo de vandalismo. Neste fim de semana, a estátua teve as mãos e o rosto pintados de preto (antes era um tom de marron claro), mas ainda não se sabe por quem. A atual estátua na Praia do Meio foi construída pelo artista Emanoel Câmara, com pedra calcária e foi inaugurada em fevereiro de 2020 com 3,5 metros de altura e pesa quase quatro toneladas.
Frequentadores e trabalhadores da praia dizem que até a sexta-feira passada a estátua da orixá das religiões Candomblé e Umbanda estava normal, como foi entregue após a última restauração em 2020. Porém, não se sabe ainda a motivação da nova cor dada à imagem. “Quem pintou não saiu tingindo ela toda, quis deixar só as partes da pele. Acho que não foi tão grave por isso.  Acho que só quiseram mudar a cor pra combinar com algo, mas acho que tinha que ter autorização”, comentou o vendedor ambulante, Francisco José, 63.
A Secretaria Municipal de Cultura informou que não se trata de nenhum novo serviço de pintura autorizado e aponta para ato de vandalismo, que tem sido comum contra a estrutura que representa a divindidade de religiões de matriz africana em Natal. Em outras ocasiões a estátua já foi pichada e teve partes quebradas, como mãos e rosto. Os reparos desses atos de vandalismos têm sido feitos pela secretaria, como deve ocorrer novamente.
Iemanjá é considerada a mãe de todos os adultos e a mãe dos orixás. O culto a ela foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos e por aqui sofreu uma aparente contradição já que é uma divindade originalmente negra, mas sua representação mais comum acabou se tornando a de uma mulher branca. Isso de deve ao processo de sincretismo, que a fez corresponder à várias santas da religião católica, como Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora dos Navegantes, ambas celebradas em 2 de fevereiro, e Virgem Maria, a mãe de Jesus.