O lucro recorde de 106 bilhões de reais da Petrobras em 2021 é o grande destaque do balanço financeiro anual da empresa divulgado nesta semana, mas não é o único.
A petroleira, que é a maior empresa brasileira, reduziu sua alavancagem para 1,1x (medida que calcula em quantos anos a dívida de uma organização será paga) devido principalmente à venda de seus ativos.
Em 2021, foram 22 vendidos, como a BR Distribuidora, a Refinaria Landulpho Alves e diversos campos de petróleo pouco vantajosos.
Agora, a BR Distribuidora se chama Vibra, enquanto a Refinaria Landulpho Alves (RELAM) foi comprado por um fundo árabe.
Outras seis refinarias estão na fila de venda, e esse é o projeto mais ambicioso de desinvestimentos da empresa, que quer (e precisa, segundo um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica) abrir mão do monopólio do refino de petróleo no país. A refinaria Isaac Sabbá (REMAN) já teve a assinatura da venda concluída, mas o processo deve ser computado apenas no balanço deste ano de 2022.
Os 22 ativos efetivamente vendidos contabilizaram 30 bilhões de reais. O valor informado pela companhia no balanço financeiro foi de 5,51 bilhões de dólares, que a um câmbio médio de 5,40 reais durante o ano, segundo a empresa, dão cerca de 30 bilhões.
É importante destacar que a venda de ativos não tem uma relação direta com o lucro, mas sim com a redução do endividamento.
O lucro recorde da empresa foi gerado principalmente com o crescimento da receita de vendas. Isso porque o barril de petróleo disparou e as vendas de derivados também subiram com a retomada economia depois de medidas menos restritivas.
Desde o plano estratégico de 2015, pós operação Lava Jato, a empresa tem focado principalmente em investir na exploração e produção de petróleo mais rentável, no pré-sal.
Para isso, outros negócios têm sido descontinuados desde a gestão de Pedro Parente, comandante da empresa na época do ex-presidente Michel Temer.
A ideia por trás da estratégia da Petrobras é se manter competitiva em um cenário futuro em que o petróleo pode ficar mais barato, já que as energias renováveis batem à porta.
Ao mesmo tempo, a empresa também precisou reduzir custos saindo de negócios com alta margem de operação para ajudar a reduzir o endividamento.
Poços de petróleo pouco produtivos, principalmente em águas rasas e terrestres têm sido vendidos pela empresas desde 2020 e negócios relacionados à distribuição, refino, energia, gás natural também.
O foco é o pré-sal, onde o custo da extração do barril foi de apenas 2,7 dólares em 2021. Em terra, esse custo é de 14 dólares, segundo dados divulgados pela empresa no último balanço financeiro. Hoje, o pré-sal corresponde a 70% da produção da empresa.
“Quando você vende campos rasos e terrestres, por exemplo, você tem menos margem, tem menos custo e aí você tem ganhos indiretos no balanço, tem reflexos indiretos. Essas vendas de campos foram importantes para baixar o endividamento. A Petrobras tinha que atingir 60 bilhões de dólares de endividamento no fim de 2022 e conseguiu atingir isso 18 meses antes”, explica Ilan Albertman, analista de petróleo da Ativa Investimento.
Hoje, a dívida bruta da empresa é de 59 bilhões de dólares.
Em 2021, o EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa foi de 234,1 bilhões. Segundo Ilan, mais que a receita e o lucro líquido, esse valor representa o quanto a empresa tem se mostrado saudável financeiramente, principalmente por ter apostado no pré-sal.
Na lista do que foi efetivamente vendido pela Petrobras em 2021 está a participação nos seguintes empreendimentos:
Ativos de distribuição, refino, energia e gás natural
- Distribuídora PUDSA, no Uruguai
- BR Distribuidora
- Usinas térmicas Breitener
- Bsbios (Empresa de biodiesel)
- Térmica e hidrelétrica CEM e TEP
- GasLocal (Empresa de Gás Natural)
- Eólicas Mangue Seco 1, 2, 3 e 4
- NTS (Transportadora de Gás Natural)
- Refinaria Landulpho Alves
- 3 usinas termelétricas Polo Camaçari
Ativos de exploração e produção
- Campo de Frade
- Campos terrestres P.Cricaré
- Campos terrestres P. Miranga
- Campos terrestres P.Remanso-BA
- Lapa
- Dó-Ré-Mi e Rabo Branco
- P. Rio Ventura
No começo de 2022, a empresa também conseguiu vender campos em terra do Polo Alagoas
Outros ativos já tiveram a assinatura feitas, mas ainda não foram fechadas e a empresa deve receber a principalmente parte do pagamento ao longo de 2022.
Além da refinaria REMAN, vendida em 2021 por 189 milhões de dólares, e que já foram contabilizados 28 milhões no balanço, outros ativos já fechados para 2022 são os campos terrestres Potiguar e Ventura, no Nordeste, e a Gaspetro, empresa de gás natural.