O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobrou na terça-feira (20) uma retratação do presidente Lula (PT) pela comparação entre a situação dos palestinos na Faixa de Gaza com a de judeus durante o Holocausto.
“Ainda que a reação do governo de Israel venha a ser considerada desproporcional, excessiva, violenta, indiscriminada, não há como estabelecer um comparativo com a perseguição sofrida pelo povo judeu no nazismo”, disse Pacheco.
“Estamos certos de que essa fala equivocada não representa o verdadeiro propósito do presidente Lula, que é um líder global conhecido por estabelecer diálogos e pontes entre as nações, motivo pelo qual entendemos que uma retratação dessa fala seria adequada, pois o foco das lideranças mundiais deve estar na resolução do conflito entre Israel e Palestina.”
A declaração de Pacheco ocorreu no plenário do Senado, durante a sessão desta terça. O senador afirmou que a ação de Israel deve ser analisada pelas “instâncias próprias, da comunidade internacional, como a Corte Internacional de Justiça da ONU”.
“Não podemos compactuar com as afirmações que compararam a ação militar que está ocorrendo na região neste momento com o Holocausto, o genocídio contra o povo judeu perpetrado pelo regime nazista na Segunda Guerra Mundial.”
Após a fala de Pacheco, o senador Omar Aziz (PSD-AM) saiu em defesa de Lula e pediu que Pacheco tipificasse o que está acontecendo na Faixa de Gaza, em que mais de 29 mil palestinos foram mortos, segundo autoridades locais. O senador afirmou que Pacheco entrou em um assunto sobre o qual a Casa “tem se mantido calada”, mas também criticou a comparação feita pelo presidente.
“Não tem que se comparar, realmente, com o Holocausto; é impossível. O presidente Lula nunca abraçou deputada nazista neta de ministro. E a direita quietinha”, completou o senador, que é filho de palestinos.
Em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fora da agenda, encontrou-se com uma das líderes da ultradireita alemã, a deputada Beatrix von Storch, neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças na Alemanha nazista.
Em resposta a Aziz, Pacheco afirmou que não quis repreender Lula. “Não há de minha parte nenhum tom de polemização tampouco de reprimenda ao presidente da República. É apenas uma conclamação na busca de pacificação e de reconhecimento na parte em que há comparação de qualquer acontecimento desta natureza com o Holocausto do povo judeu. É algo absolutamente indevido e impróprio e que mereceria um pedido de retratação e de desculpas.”
PALAVRA PB