Biólogo potiguar é convidado para integrar laboratório nos EUA e faz ‘vaquinha’ para custear gastos iniciais

Desde criança, o potiguar João Paulo Mamede, de 26 anos, tinha o sonho de ser biólogo. O desejo se realizou em 2019, quando recebeu o diploma do curso após os semestres de graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Passados os anos, a inspiração de menino não só se mostrou uma escolha certeira, como prova que ainda tem mais conquistas por vir. Recentemente, ele foi convidado para ser pesquisador em um laboratório da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos. Para dar esse passo importante, ele precisa arrecadar dinheiro para despesas iniciais, e para isso foi lançada uma “vaquinha” na internet.

O convite para participar do laboratório do Departamento de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da universidade americana veio no mês de outubro. Lá, ele vai trabalhar com pesquisa relacionada à área de comportamento animal, a mesma em que ele desenvolveu seu trabalho de mestrado recém-aprovado na UFRN.
Quando estava chegando ao fim da pesquisa de pós-graduação, João Paulo já pensava nos próximos passos que daria na carreira. A ideia inicial era partir para o doutorado. A princípio, o potiguar que nunca viajou para fora do Brasil tinha delimitado suas possibilidades dentro do território nacional. A razão inicial era em virtude da realidade econômica em que vive. Atualmente, ele mora com a mãe no bairro de Neópolis, na zona Sul de Natal.
Depois de um tempo, o biólogo também passou a considerar a chance de estudar fora do país. Ele entrou em contato com professores de países europeus, inicialmente, até que surgiu a possibilidade da NYU.
“Uma colega minha faz pós-doutorado fora do Brasil e recebeu um e-mail de um professor pedindo indicação de alguém para ocupar a vaga no laboratório. Ela perguntou se poderia passar meu contato, ele permitiu e aí começou a conversa”, explicou João Paulo.
O estudo desenvolvido no laboratório utiliza uma espécie de peixe para pesquisa de comportamento animal que pode ser emulado em humanos. A partir disso, os pesquisadores conseguem esclarecer questões como vício em drogas e o convívio social das pessoas.
“Ter essas experiências no meu currículo vai ser muito importante para a minha carreira”, afirmou João Paulo. A vaga a ser ocupada pelo potiguar tem remuneração após o começo dos trabalhos, porém ele precisa de dinheiro para custear passagem, documentação do visto, hospedagem, alimentação e locomoção nos primeiros dias.
A irmã do biólogo, Emanuelle Mamede, resolveu então criar uma vaquinha na internet. A meta é arrecadar R$ 25 mil para que o irmão consiga cobrir as despesas no Estados Unidos. Quem quiser doar qualquer quantia em dinheiro, pode participar no site: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/doutorado-do-joao-paulo.
Próximos passos
“Desde os 12 anos, eu quis ser biólogo. Tive uma professora que me inspirou a isso. Assim que terminei a escola, eu já entrei para a universidade no curso de Biologia e vi que era aquilo mesmo”, recorda João Paulo.
Depois de tantos passos dados na área, o biólogo não quer parar por aqui. Além da vaga no laboratório, ele também almeja fazer seu doutorado na NYU. O processo seletivo conta com pessoas de todo o mundo, mas se tudo der certo, o potiguar fará parte da turma que iniciam as aulas em setembro de 2023.
Outra tarefa para João Paulo agora é tranquilizar a mãe, que está feliz e cheia de orgulho do filho, mas diz que não vai aguentar de saudade. “Eu já disse a ela: olhe, agora você vai poder dizer para suas amigas que seu filho é um cientista nos Estados Unidos”, disse ele.
Tribuna do Norte