Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que a divisão política nos Estados Unidos é maior ou tão séria quanto no Brasil, em uma entrevista exclusiva à CNN, nesta sexta-feira (10), antes de sua reunião com o presidente Joe Biden na Casa Branca.
“Aqui também há uma divisão, muito mais ou tão séria quanto o Brasil — democratas e republicanos estão muito divididos. Ame ou deixe-o, é mais ou menos isso que está acontecendo”, disse Lula à Christiane Amanpour da CNN em Washington, acrescentando que o Brasil não tem “uma cultura de ódio”.
Tanto Lula quanto Biden viram seus prédios governamentais saqueados após as eleições presidenciais por elementos de extrema-direita, representando enormes testes para suas respectivas democracias.
“Nunca poderíamos imaginar que em um país que era o símbolo da democracia no mundo — alguém pudesse tentar invadir o Capitólio”, expôs Lula sobre os distúrbios nos EUA.
As semelhanças preocupantes do ataque de 8 de janeiro em Brasília com a invasão do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021 incluem o alinhamento próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o ex-líder dos Estados Unidos, Donald Trump.
Lula chama Bolsonaro de “fiel imitador de Trump”, dizendo que os dois “não gostam de sindicatos. Eles não gostam do setor empresarial. Eles não gostam de trabalhadores, não gostam de mulheres. Eles não gostam de negros”.
Mesmo assim, Lula não está convencido de que todos os apoiadores de Bolsonaro sejam ideólogos. “Estou convencido de que nem todo mundo que votou em Bolsonaro seguem o bolsonarismo”, explicou.
É esperado que sua conversa com Biden se concentre no combate às mudanças climáticas e no combate ao extremismo antidemocrático.
Ao estender um convite antecipado a Lula para visitar a Casa Branca, Biden espera cultivar laços mais estreitos e demonstrar seu apoio a um dos principais atores do ocidente.
Biden ligou rapidamente para Lula após sua vitória no final do ano passado, na esperança de demonstrar apoio depois que Bolsonaro lançou bases para questionar os resultados das eleições. A medida foi bem recebida pelas autoridades de Lula, que a viram como um sinal de que Biden estava tentando restaurar os laços EUA-Brasil.
Eles já se encontraram anteriormente — quando Biden era vice-presidente, ele conheceu Lula em uma reunião no Chile. Mas, como contrapartes, eles procurarão aprofundar o que tradicionalmente tem sido uma relação bilateral importante no Hemisfério Ocidental, tensa nos últimos anos pelos opostos diametralmente Biden e Bolsonaro.
CNN Brasil