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Depois de comandar o Cruzeiro em sua volta à primeira divisão do futebol brasileiro, Ronaldo agora terá um outro desafio: administrar da melhor maneira possível a receita do clube mineiro, que deve chegar a R$ 350 milhões na temporada 2023, o dobro do dinheiro que o time recebia na Série B. Os direitos de transmissão dos jogos do Cruzeiro na TV serão responsáveis pelo maior crescimento. O clube estima ganhar até R$ 120 milhões com essa receita – R$ 20 milhões já teriam sido adiantados nesta temporada, depois que a equipe confirmou sua volta ao Brasileirão.
O Cruzeiro permaneceu três anos na segunda divisão. O clube acumula dívida de R$ 1,1 bilhão. Desde que Ronaldo pagou R$ 400 milhões para comandar o clube por meio da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), ele se propôs a ajeitar a situação financeira do time que o lançou no futebol e devolver ao Cruzeiro sua condição de brigar por títulos entre os grandes do Brasil. Até agora tem dado certo. O Cruzeiro ganhou a Série B com folga e recuperou a confiança do seu torcedor.
Ronaldo desafiou os cruzeirenses a participar do programa sócio-torcedor, de modo a fazer com que todos ajudassem financeiramente na retomada do time. A torcida atendeu ao pedido do Fenômeno. O programa chegou a 70 mil associados, com renda estimada de R$ 35 milhões por ano. Seus dirigentes trabalham para fazer com que o clube caminhe com suas próprias receitas, de modo a não precisar fazer empréstimos e ainda conseguir baixar seus compromissos que ficaram para trás.
Completam a previsão de faturamento do clube mineiro o dinheiro arrecadado com a venda de camisas e produtos com a marca do clube, as cotas de patrocínio máster e as menores que estampam o uniforme do time, assim como a venda de jogadores. Ronaldo sabe ainda que terá de gastar mais dinheiro para formar um elenco de primeira divisão, mas não pensa em ‘estourar’ sua folha de pagamento em 2023. O clube já trouxe os seguintes reforços: o zagueiro Neris, os laterais Igor Formiga e William, os volantes Ramiro e Wallisson, os meias Mateus Vital e Nikão e o atacante Rafael Bilu.
Apesar da empolgação com o acesso, o Cruzeiro sabe que seu primeiro desafio na próxima temporada é se manter no Brasileirão, de modo a não correr risco de ser rebaixado novamente. Além do time de Belo Horizonte, também voltaram para a divisão principal Grêmio, Bahia e Vasco – os dois últimos também têm ajuda de dinheiro da SAF. “Talvez não teremos ambição de ser campeão das competições nacionais por causa das questões orçamentárias, mas a gente só vai pensar em crescer”, disse Ronaldo.
O Cruzeiro sabe que vai precisar de fôlego e de tempo para se equiparar a alguns times já prontos da Série A do Brasileiro, como Palmeiras e Flamengo, e até como o rival Atlético. Há outros mais bem encaminhados financeiramente. O Palmeiras, por exemplo, acaba de vender Endrick para o Real Madrid por R$ 408 milhões. A receita estimada do clube comandado pela presidente Leila Pereira em 2023 é de R$ 700 milhões, duas vezes mais que o valor com o qual sonha o time de Ronaldo. O Flamengo trabalha com números ainda melhores, na casa do R$ 1,1 bilhão de receita.
Estadão