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O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (11) que é necessário ter um olho para o social, mas manter o equilíbrio fiscal. A fala foi feita em uma palestra para o CFA Society Brazil, sobre o cenário econômico mundial.
“Se não tiver equilíbrio fiscal, a gente volta para um mundo de incerteza onde a expectativa de inflação sobe, você desorganiza o setor produtivo no sentido de investimento, e no final quem sofre mais com isso é a população que você quer ajudar, porque você machuca a geração de emprego.”, disse Campos Neto.
Após a palestra, Campos Neto foi perguntado sobre como o Banco Central trabalha com essa reação do mercado ao cenário político, e as mudanças do novo governo eleito. Segundo ele, os mercados ao nível mundial estão mais “sensíveis” às medidas de governo, por conta do tamanho das dívidas públicas.
“As dívidas estão altas, porque elas tiveram que ficar altas, em grande parte, foram programas que precisavam ser feitos para atender a população em uma pandemia que a gente teve, crise energética, várias coisas ao mesmo tempo. Isso é compreensível.”, afirmou Campos Neto.
Entretanto, o presidente explicou que a demanda atual do mercado é saber como vai ser o planejamento econômico daqui para frente, para saber como vão atender o social e ao mesmo tempo manter um equilíbrio fiscal.
Transição de governo
Roberto Campos Neto também se colocou a disposição para participar e ajudar na transição do novo governo. Segundo o presidente, ele não teve muito contato ainda com a equipe de transição.
“Mas o Banco Central está aberto a contribuir com o governo novo, lembrando que a gente não faz fiscal, fiscal é como se fosse um input no nosso modelo, é super importante uma sincronização do que está sendo feito. Acho que tem muita coisa, nesse período de transição, é normal que aumente o ruido, e a gente precisa esperar e ver como vai ser a consolidação disso.”, destacou.
Perguntado se ele via risco no modelo de independência do Banco Central, Campos Neto disse que a autonomia da instituição é um teste importante. Entretanto, destacou que a medida foi aprovada no Congresso, judicializada e defendida no Supremo Tribunal Federal.
“Mas o BC é técnico, ele vai tentar trabalhar com o governo novo, cooperar no máximo que for possível, e nosso trabalho é para ajudar a melhorar a vida do brasileiro. Somo um órgão técnico que está olhando para o Brasil.”, completou.