A Rússia lançou bombardeios em larga escala em várias cidades ucranianas, danificando infraestrutura elétrica e áreas residenciais, em retaliação à explosão de dois dias antes que danificou a ponte da Crimeia, ataque pelo qual Moscou culpa os serviços secretos ucranianos.
Na última quinta-feira, 13, Borell decidiu responder às constantes ameaças de Putin de utilizar armas nucleares na Ucrânia após a “anexação” de quatro regiões do país ao território russo. “Qualquer ataque nuclear contra a Ucrânia vai gerar uma resposta; não será uma resposta nuclear, mas será tão forte do ponto de vista militar que o Exército russo ficará aniquilado”.
Segundo ele, o presidente Putin “garante que não está mentindo. E não pode se dar ao luxo de blefar agora”. É preciso deixar claro, acrescentou, que “aqueles que apoiam a Ucrânia – a UE e seus Estados-membros, os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – também não estão blefando”.
Putin fez esta declaração para coincidir com o 60º aniversário da Crise dos Mísseis de Cuba em 1962, que levou a União Soviética e os Estados Unidos à beira da 3ª Guerra.
O Conselho de Segurança da Rússia, liderado pelo próprio Putin, alertou esta semana que, se a Ucrânia se juntar à Otan, “tal passo significará uma escalada garantida para a 3ª Guerra”.
Convocação de reservistas
Além disso, Putin disse esperar que a mobilização de reservistas do Exército que ele ordenou para reforçar suas tropas na Ucrânia atinja o número alvo de recrutas em duas semanas, um marco que lhe permitiria acabar com a enorme convocação impopular entre os russos.
Putin disse a repórteres que 222.000 dos 300.000 reservistas que o Ministério da Defesa da Rússia estabeleceu como meta foram mobilizados. Um total de 33.000 deles já estão em unidades militares e 16.000 estão envolvidos em combate, disse ele.
A convocação, anunciada por Putin em setembro, quando suas forças perderam terreno ocupado para uma contraofensiva ucraniana, despertou o descontentamento público na Rússia, onde quase todos os homens com menos de 65 anos são registrados como reservistas. Ao mesmo tempo, nacionalistas russos criticaram a forma como o Kremlin está lidando com a guerra, aumentando a pressão sobre Putin para fazer mais para virar a maré a favor do seu país.
Apesar de Putin e outros altos funcionários afirmarem que a mobilização afetaria cerca de 300.000 pessoas, o decreto presidencial não mencionava um número específico. Relatos da mídia russa sugeriram que o número real pode chegar a 1,2 milhão de reservistas.
Putin inicialmente descreveu a mobilização como “parcial” e disse que apenas aqueles com experiência em combate ou serviço seriam convocados. No entanto, relatos da mídia russa descreveram tentativas de convocar homens sem experiência relevante ou que não eram elegíveis para o serviço por razões médicas.
Na esteira da ordem de Putin, dezenas de milhares de homens deixaram a Rússia. Desde então, surgiram relatos de recrutas sendo enviados para as linhas de frente na Ucrânia com pouco treinamento e equipamentos inadequados. Vários reservistas mobilizados morreram em combate na Ucrânia nesta semana, vários dias depois de serem convocados.
Putin disse que todos os recrutas em atividade devem receber treinamento adequado e que ele designaria o Conselho de Segurança da Rússia “para realizar uma inspeção de como os cidadãos mobilizados estão sendo treinados”.
(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)