O dia da consagração: Mirassol e ABC decidem o título da Série C

O segundo dia mais esperado da temporada para o torcedor abecedista chegou. O primeiro foi o da conquista do acesso para Série B e agora a meta é focar na conquista de mais um título nacional. Os que não tiveram a oportunidade de viajar até a cidade de Mirassol, vão acompanhar a decisão em telões instalados no gramado do Frasqueirão e, em caso de vitória, a festa promete ser grande e sem hora para acabar neste sábado. Mirassol x ABC, entram em campo no estádio José Maria Campos Maia, às 17 horas. Quem vencer no tempo regulamentar leva o título e ocorrendo um novo empate, a decisão será realizada através das cobranças de pênaltis.

A expectativa da região no interior paulista não é diferente da registrada no RN, a assessoria de imprensa do clube paulista anunciou ontem que todos os ingressos disponibilizados para venda foram esgotados. Ao todo foram destinados 9.200 bilhetes para a torcida do Leão, restando apenas o setor da torcida visitante, que corresponde a dez por cento da carga de ingressos.

Se as duas torcidas, fora de campo, vão organizando as suas festas, para quem terá a responsabilidade de garantir o título dentro de campo, o que resta são as preocupações com problemas na escalação. Pelo lado paulista, o treinador Ricardo Catalá está com problemas para definir o ataque da equipe. Osman passou a semana tratando uma lesão, não mostrou a evolução aguardada na em fase de transição e não sabe se terá condições de estar presente na final. Catalá promete esperar pelo atleta até momentos antes da partida. Negueba, o destaque do time nas partidas do quadrangular decisivo, é desfalque certo. Ele recebeu o terceiro cartão amarelo no primeiro jogo da final e não terá a oportunidade de enfrentar o seu ex-clube na finalíssima.

 

ABC e Mirassol vão realizar o terceiro confronto dentro da competição nacional. Com uma vitória dos potiguares e um empate. O confronto é tão equilibrado que o único que conseguiu marcar um gol, conquistou a vitória. Por isso, o treinador abecedista Fernando Marchiori vai continuar apostando na característica defensiva de sua equipe. O atacante Lucas Douglas, que briga por uma vaga no ataque, sabe que o papel primordial da equipe potiguar no confronto de hoje será segurar a ofensiva do adversário. No primeiro encontro da final, o Mirassol modificou suas próprias características para deixar Natal com o empate.

“Assim como o ABC em relação a eles, o Mirassol já deu mostras que respeita bastante a nossa equipe, uma prova disso foi a forma que eles utilizaram em Natal. Acredito que essa tenha sido a única vez que eles tenham alterado o esquema de jogo que vinham adotando no Brasileiro, justamente na intenção de levar pelo menos o empate do Frasqueirão. Nós já demonstramos que temos força para superar qualquer adversário fora de casa e tenho certeza de que dessa vez não será diferente. Nosso primeiro objetivo é evitar tomar gols e sabemos que eles terão de avançar suas linhas, propor jogo e queremos tirar proveito disso”, afirmou o atacante alvinegro.

Essa é a primeira vez que os potiguares vão enfrentar o Mirassol fora do RN. Quis o destino que isso ocorresse justamente na final da competição, onde o confronto é cercado por vários fatores, que deixam o clima mais tenso e provoca uma ansiedade a mais nos atores do espetáculo. Fernando Marchiori, mesmo sem esconder o frio na barriga, se diz um tanto tranquilo com o momento.

“Estou supertranquilo, mas participar de uma final é uma coisa, ser campeão é outra completamente diferente. Dentro dos objetivos traçados quando cheguei ao ABC, acredito que avançamos muito além do que foi projetado e a questão me garante uma tranquilidade. Essa final será um confronto de duas belas equipes e quem não ganhar deve festejar do mesmo modo por já ter conquistado o acesso, uma tarefa muito difícil numa competição como a Série C. Para o clube e a instituição marcar mais essa data na história com a conquista de outro título nacional, é tudo! Mas não podemos diminuir a importância do acesso. Em seis meses chegamos a duas finais e só temos a agradecer a Deus por essa glória, sinal de que o trabalho foi bem desenvolvido”, ressaltou o comandante abecedista.

Em ligeira desvantagem nos confrontos diretos contra o Alvinegro, o treinador Ricardo Catalá salienta que as duas partidas anteriores não podem servir como base para analisar esse confronto final.

“Eu penso que as duas partidas não são referência do que vai acontecer neste sábado. Primeiro, porque é a última final, aquela que é a derradeira, que decide tudo. Então esse jogo já tem uma característica singular. Segundo, porque os dois jogos contra eles foram no campo deles, que infelizmente não é um campo em condição da gente fazer uma avaliação do nosso jogo. Terceiro, porque nós fomos prejudicados pela arbitragem no primeiro jogo lá. Então acho que nada do que aconteceu nessas partidas serve, a não ser saber que nós vamos competir contra uma equipe organizada, que nos últimos sete jogos só levou um gol, que fora de casa praticamente não leva gol, muito organizada, que defende bem, em bloco, que se sente confortável sem a bola, que não se incomoda em não ficar com ela”, frisou.

O comandante do Mirassol ressalta que a história dessa final, começará a ser escrita com o apito inicial da arbitragem, a partir de então a partida estará sujeita a uma série de detalhes que podem mudar seu andamento a cada novo minuto.

“A gente precisa ver o desenrolar do jogo, como eles vão se comportar. Se eles vão sair mais, se eles vão sair menos. Eu imagino que de peito aberto eles não venham porque nossa equipe é muito forte em casa. E eu acho que, assim como nós os respeitamos lá, eles vão nos respeitar aqui. Então, à medida em que o jogo for desenrolando e as coisas forem acontecendo, a história do jogo também é muito condicionada pelo que acontece dentro dele. Você faz um gol com um minuto, o jogo muda, você toma gol com um minuto, o jogo muda. Então, o que a gente prevê é um jogo difícil, duro. Queremos estar à altura do desafio. Queremos muito conquistar esse título. A gente entende que é uma forma de continuar contribuindo para o crescimento do clube, uma forma de presentear o torcedor e a comunidade que de fato se envolveu nessa reta final. Esperamos ser competentes para isso. Esforço não vai faltar, estudo, dedicação, entrega… Tudo que a gente puder fazer para conquistar o título, a gente vai fazer”, afirmou Ricardo Catalá.

O lateral Daniel Vançan, que pode fazer parte da estratégia de Fernando Marchiori, num esquema para surpreender os donos da casa, por acreditar que um detalhe pode definir o endereço que o troféu de campeão irá tomar após a passagem do tempo regulamentar, se mostra pronto para ajudar e fala sobre a dificuldade do confronto.

“Vai ser sem dúvidas o jogo mais complicado até aqui. O Mirassol é uma equipe muito forte e que também vive um momento tão especial quanto o nosso. Temos que entrar nesse último jogo com foco total, nada menos do que isso. Se não colocarmos 100% de nós em todas as divididas e jogadas, podemos acabar saindo do jogo sem nada nas mãos”, destacou. “Conseguimos devolver esse grande clube que é o ABC à série B. Essa era a nossa principal missão. Mas é claro, agora que já resolvemos essa parte, é impossível não sonhar com mais. É um momento especial que pode coroar uma temporada fantástica que nós tivemos. Trabalhamos muito para chegar até aqui e agora é o momento de colhermos aquilo que fomos plantando”, acrescentou Vançan.