Ao se deparar com os novos preços nos postos, os motoristas ficaram surpresos por não ter havido qualquer anúncio da parte da Petrobras, já que, normalmente, é assim que acontece. Eles criticaram o aumento.
“Então, é algo que a gente não entende. Se tem jogo político, já que está perto das eleições, se é por causa dos impostos, se é porque veio de cima…Uma hora é um preço e de repente, sem aviso, aumentam”, reclamou o bombeiro Thayrone Jarles, bombeiro ao abastecer o carro na tarde de ontem.
O motorista de aplicativo, Neilson Jhonny, também se disse surpreso quando passou pelo posto de combustível que costuma abastecer ainda na noite da segunda-feira (26) e viu que a mudança no preço estava sendo feita. “Pensei que fosse pra baixar, como vinha acontecendo, mas hoje de manhã vi que tinham aumentado. A gente fica logo apreensivo, ainda mais eu que só tenho essa fonte de renda e o combustível é minha maior despesa”, contou.
Segundo ele, quando a gasolina estava beirando os R$ 8,00 ele precisava ficar até 15 horas trabalhando para manter uma margem de lucro. Com as reduções no preço, já consegue diminuir a carga diária de trabalho.
Desde o pico histórico de R$ 7,99, registrado em junho, a gasolina já recuou 34% nos postos. A recente trajetória de queda começou em 24 de junho, quando o governo federal sancionou a lei que limitou o ICMS incidente sobre combustíveis a 17% em todo o país. Depois, nos meses de julho, agosto e setembro, os preços seguiram caindo em função de quatro reduções seguidas nos preços praticados pela Petrobras em suas refinarias, que são aos poucos repassadas às bombas pelos varejistas.
A última queda dos preços nas bombas ainda se deve ao último reajuste da Petrobras na gasolina, que reduziu em 7% o preço aos distribuidores em 2 de setembro.
Antes do movimento de baixar os preços dos últimos três meses, porém, a gasolina acumulava alta de 70,6% nos postos desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL), em janeiro de 2019. Assim, os esforços do governo para reduzir preços à beira das eleições, facilitados pelo recuo da cotação internacional do petróleo, ainda não compensaram a escalada experimentada nos primeiros três anos e meio de governo.
Em junho, o Congresso aprovou a fixação do teto do ICMS de 17% a 18% sobre combustíveis, energia elétrica, transportes e comunicações. O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz), que representa as Secretarias Estaduais de Fazenda, consideraram que as unidades da Federação perderão R$ 92 bilhões por ano com o teto, mas o governo rechaçou a crítica.
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, a redução de impostos indiretos (que incidem sobre o consumo), como o ICMS está sendo compensada pela falta de correção da tabela do Imposto de Renda, cuja receita é partilhada com estados e municípios. “A arrecadação de Imposto de Renda está subindo bastante, o que acaba equilibrando a balança”, declarou.
Diesel
Na semana entre 14 e 23 de setembro, informou a ANP, o preço médio do diesel S10 nos postos brasileiros também voltou a cair de forma significativa, para R$ 6,82 ante os R$ 6,94 registrados na semana anterior, num recuo de 1,7%. Essa retração na ponta pode estar relacionada à redução de 5,7%, ou R$ 0,30 por litro, no preço praticado pela Petrobras em suas refinarias, em 20 de setembro.
Contudo, em Natal, o combustível voltou a subir em alguns postos chegando a R$ 7,19. O preço do óleo diesel influencia em toda a cadeia produtiva porque é com ele que se abastece caminhões, tratores e ônibus, por exemplo. Quando está em alta, interfere diretamente no preço do frete dos produtos.
Desde a semana em que foi imposto o teto de 17% no ICMS, em 24 de junho, o diesel foi reajustado para baixo nas refinarias da Petrobras em três ocasiões. Nos postos, assim como a gasolina, esse combustível também caiu por 13 semanas seguidas e, acumulava queda de 11,2% no preço médio do litro, que variou de R$ 7,68 no início do ciclo para os atuais R$ 6,94.