Uma pesquisa recente de cientistas japoneses demonstrou a capacidade de colocar “mochilas” de células fotovoltaicas e eletrônicos nos insetos e controlar seus movimentos remotamente.
Kenjiro Fukuda e sua equipe do Thin-Film Device Laboratory, da gigante japonesa de pesquisa Riken, desenvolveram uma película flexível de células solares com 4 micra de espessura, que equivale a cerca de 1/25 de um fio de cabelo e que pode ser instalada no abdômen do inseto.
Essa película permite que a barata se mova livremente, enquanto a célula fotovoltaica gera energia suficiente para o processamento e envio dos sinais direcionais para órgãos sensoriais da parte de trás do inseto.
O trabalho se baseia em experimentos anteriores de controle de insetos e pode um dia resultar em insetos ciborgues que entrariam em áreas perigosas com muito mais eficiência do que robôs.
“As baterias dentro de pequenos robôs se esgotam rapidamente, então o tempo de exploração se torna mais curto”, disse Fukuda.
“Um dos principais benefícios [de um inseto ciborgue] é que, quando se trata de um inseto, ele se move por conta própria, então a eletricidade necessária é bem menor”.
Fukuda e sua equipe escolheram baratas de Madagascar para os experimentos, já que são grandes o suficiente para transportarem o equipamento e não têm asas que atrapalham.
A pesquisa ainda tem um longo caminho a percorrer. Em uma demonstração recente, o pesquisador Yujiro Kakei, da Riken, usou um computador especializado e um sinal bluetooth sem fio para dizer à barata ciborgue que virasse à esquerda, fazendo com que ela se deslocasse naquela direção. Mas quando recebeu o sinal para “direita”, o inseto girou em círculos.
O próximo desafio é miniaturizar os componentes para que os insetos possam se mover com mais facilidade e permitir a montagem de sensores e até câmeras. Kakei disse que gastou cerca de US$ 35 dólares para montar a mochila ciborgue, que usa peças compradas no famoso distrito eletrônico de Akihabara, em Tóquio.
A mochila e a película podem ser removidas, permitindo que as baratas voltem à vida no terrário do laboratório. Os insetos vivem até cinco anos em cativeiro.
Além do resgate por meio de insetos, Fukuda vê amplas aplicações para a película de células solares, composta por camadas microscópicas de plástico, prata e ouro. O material pode ser embutido em roupas ou adesivos de pele para uso no monitoramento de sinais vitais, por exemplo.
Com informações da Agência Brasil