Guedes defende ‘PEC Kamikaze’ e a investidores diz que ‘fiscal está forte’

No dia seguinte à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia e cria novos benefícios sociais a três meses das eleições, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou nesta quinta (14), os críticos das medidas de “politicamente enviesados” e tentou tranquilizar os investidores, ao dizer que não haverá desequilíbrio fiscal com o aumento dos gastos.
Em pronunciamento virtual, o ministro rechaçou a avaliação de que a PEC representa populismo fiscal ou tem caráter eleitoreiro, e afirmou que os críticos fazem “politização da tragédia”.
“O fiscal está forte”, afirmou. “Quero tranquilizar os analistas preparados e que não estão politicamente enviesados.” Ele chegou a falar em “sabotagem” quando se está buscando resolver os problemas que a própria opinião pública e a mídia estavam apontando, como o aumento da fome. “Se há fome e as pessoas estão cozinhando com lenha, o programa não é eleitoreiro”, afirmou.
Na fala, Guedes rebateu também o nome de “PEC Kamikaze” e disse que o texto aprovado deve ser chamado de “PEC das Bondades”. Ele ponderou que a PEC seria “Kamikaze” se a proposta de criação de um fundo para segurar os preços do petróleo tivesse sido aprovada. O custo, segundo ele, seria de R$ 180 bilhões desde o ano passado.
Guedes falou antes da apresentação de novas previsões para os principais indicadores econômicos. A imprensa não pôde fazer perguntas. A estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano subiu de 1,5% para 2%. Para 2023, na contramão do mercado financeiro, que vê desaceleração da atividade econômica, o governo prevê crescimento mais robusto, de 2,5% (leia mais na pág. B5).
Apesar da fala de Guedes, o Estadão mostrou que os investidores aumentaram a percepção de risco do Brasil desde o início da tramitação da PEC. O mercado está cobrando mais para comprar os papéis do Tesouro. Os juros reais de longo prazo estão com taxas superiores a 6%, maior patamar do governo Bolsonaro e no mesmo nível do fim do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Mesmo com juros altos, a demanda pelos papéis está fraca.
Estadão Conteúdo