Unimed Natal marca reunião com familiares de autistas

Dirigentes da Unimed Natal receberam na tarde desta quinta-feira (14) pais de crianças e adolescentes do Transtorno do Espectro Autista (TEA) para uma breve conversa. Nesta semana, a cooperativa suspendeu tratamentos destinados a esse público, o que motivou protestos por parte dos pais. Como o encontro não havia sido planejado, foi marcada uma reunião para a próxima quarta-feira (20).

A mãe Jessi Dantas foi recebida, junto a outros pais, pelo presidente da Unimed Natal,  Fernando José Pinto de Paiva, que “parece estar aberto à conversa”. Ela explicou que ficou marcada uma reunião para a próxima semana, mas que chegaram a receber esclarecimentos gerais dos dirigentes.
“A informação que vem é que estavam [a Unimed Natal] tendo muitos problemas, muita coisa errada, estavam cobrando terapias indevidas. A Unimed não conseguia fiscalizar essas terapias e aconteceu alguma coisa que a gente ainda não sabe, mas de grandes proporções”, explicou a enfermeira, mãe de paciente que precisa do atendimento. A descoberta de irregularidades por parte de serviços credenciados teria levado a Unimed a suspender os tratamentos.
Jessi defende que a situação poderia ter sido resolvida de uma outra forma, sem penalizar as pessoas que precisam do tratamento. “Nós pais e as nossas crianças não deveriam ser penalizados por isso, as pessoas responsáveis pelas coisas erradas é que deveriam ser responsabilizadas”.
Apesar da situação, a reunião já agendada e a postura dos dirigentes da Unimed Natal deixaram a mãe otimista. “Estamos muito esperançosos”, finalizou Jessi.
Ainda nesta quinta (14), a Unimed chegou a promover uma reunião entre dirigentes da cooperativa e representantes de comissões que defendem os direitos das pessoas do espectro autista.
Pais e familiares de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que tiveram suspensos o tratamento realizado por meio de Assistentes Terapêuticos (AT) em ambiente escolar e domiciliar pela Unimed, protestaram na manhã desta quinta-feira (14) na frente de uma das sedes da empresa, que fica na Rua Apodi, e seguiram caminhada até a Sede Administrativa, localizada na Rua Mipibu, no bairro do Tirol.
Os manifestantes estavam com apitos na boca como uma forma de chamar a atenção dos diretores da Unimed. A reunião aconteceu com representantes de movimentos sociais, como Subcoordenadoria para Inclusão da Pessoa com Deficiência (CORDE), Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Natal (COMUDE) e a Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD).
A medida afeta cerca de 300 crianças com autismo que precisam do serviço. Por meio de nota, o plano de saúde comunicou que essa aplicação terapêutica não consta no Rol de Procedimento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Pais se sentem lesados e pretendem judicializar a questão.
Em nota enviada à imprensa, a assessoria de comunicação da Unimed Natal explicou sobre a suspensão do atendimento dos modelos de intervenção ABA e Denver.
Famílias podem procurar Justiça por serviço
Josiane Batista, 33 anos, descobriu o autismo de seu filho João Lucas quando ele tinha dois anos em consulta com o neuropediatra da criança. “O pai e eu notamos que tinha algo a mais no jeito de João. Começamos a pesquisar e foi quando percebemos que tinham vários pontos dentro do espectro autista. Fomos consultar um especialista e ele já deu o diagnóstico”.
Atualmente, o menino está com seis anos e precisa do acompanhamento escolar de uma AT para facilitar alguns comportamentos de organização e concentração. Segundo Josiane, a suspensão só foi comunicada pela Unimed depois do cancelamento do serviço. “Vamos procurar um advogado e judicializar pois não temos condições financeiras para contratar um serviço privado. Só o atendimento na clínica não é o suficiente, a criança precisa ser acompanhada em outros ambientes como a escola”, diz a mãe.
Do mesmo modo, Diogo Amorim, pai de Caetano, já conta com advogado para dar início ao processo judicial. Seu filho tem apenas três anos mas precisa de uma AT em casa. Pela idade, o menino ainda não tem indicação para a terapia no ambiente escolar. “Hoje, por indicação do médico, além da necessidade de 30 horas semanais de terapia Denver com acompanhamento de Assistente Terapêutica, ele realiza sessões semanais de fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Psicomotricidade”.
Os pais receberam o diagnóstico de Caetano no segundo semestre de 2021 e foi um longo processo. Inicialmente, ele apresentava apenas um atraso de fala considerável, mas com o tempo começaram a perceber alguns outros sinais que indicavam Transtorno do Espectro Autista (TEA). Depois de passar por três médicos, fecharam o diagnóstico.
Para Diogo, também advogado, o atendimento somente no ambiente da clínica não só é insuficiente, mas desvirtua toda a finalidade da intervenção terapêutica, que é baseada nos ambientes naturais da criança (residência e escola). “A Unimed não comunicou a nós, ficamos sabendo através de um comunicado da clínica. Assim que tomamos conhecimento, buscamos informações a respeito pra judicializar.
Também nos informamos sobre valores para contratação do serviço privado, porém, além da dificuldade de encontrar ATs, os valores que tivemos informação são bem altos. É um tratamento dispendioso, difícil de arcar sem a cobertura do plano”, relata o pai.