O navio de guerra da Rússia Moskva afundou no Mar Negro após explosão cuja origem é disputada entre russos e ucranianos. Kiev alega ter atingido o navio, uma das principais embarcações russas na região, com um míssil. Moscou diz que foi um incêndio não ligado a um ataque. A perda da embarcação é um grande revés para a Rússia, já que suas tropas estão se reagrupando para uma nova ofensiva no leste da Ucrânia, depois de se retirarem de grande parte do norte, incluindo Kiev.
MÍSSEIS
A Rússia alega que um incêndio a bordo do Moskva, um navio de guerra que normalmente leva 500 marinheiros a bordo, forçou toda a tripulação a ser retirada. Mas, mais tarde, a Marinha russa confirmou que o navio, que estava sendo rebocado para o porto com seus lançadores de mísseis, afundou.
O navio carregava 16 mísseis, segundo analista militar, e sua retirada do combate reduziu muito o poder de fogo da Rússia no Mar Negro. Independentemente dos danos, qualquer ataque já representaria um grande golpe no prestígio russo, sete semanas depois de uma guerra que já é vista como um erro histórico.
O secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, disse à CNN que os EUA detectaram uma enorme explosão no navio, que teria causado “grandes danos”, mas que não era possível confirmar se ele tinha sido atingido por um míssil, acrescentando que a embarcação se deslocava pelo Mar Negro, provavelmente para reparos em Sevastopol. “Os russos tiveram de escolher entre duas histórias: uma é que era apenas incompetência, e a outra era que foram atacados, e nenhuma delas é um bom resultado para eles”, disse o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.
O governador da região de Odesa ao longo do Mar Negro, Maxim Marchenko, disse no Telegram que as forças do país atingiram o navio com mísseis Netuno. Um alto funcionário ucraniano, falando sob condição de anonimato ao The New York Times, disse que esta foi a primeira vez que o míssil, desenvolvido na Ucrânia, foi usado na guerra.
Qualquer que seja a causa da explosão do navio, foi uma poderosa vitória simbólica para os militares ucranianos, um constrangimento para Moscou e – se um Netuno foi de fato usado – uma demonstração do poder que novas armas poderiam ter na formação da guerra. Seria o primeiro ataque ucraniano bem-sucedido a um grande navio de guerra russo no mar e não no porto.
Navios da Frota do Mar Negro da Rússia estão no mar desde o início da guerra, lançando periodicamente foguetes ou mísseis contra alvos dentro da Ucrânia. A frota cortou o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, removendo uma importante tábua de salvação econômica.
A perda do Moskva fornece um impulso moral para as forças ucranianas, mas é improvável que mude o curso da guerra. As forças russas estão prestes a tomar a estratégica cidade portuária de Mariupol, o que abriria caminho para a criação de uma “ponte terrestre” entre o território russo e a península ocupada da Crimeia.
China rejeita pressionar Rússia a encerrar conflito
A China disse ontem que rejeitaria “qualquer pressão ou coerção” sobre seu relacionamento com a Rússia, em resposta a um apelo da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para que Pequim use seu “relacionamento especial com a Rússia” para persuadir Moscou a encerrar a guerra na Ucrânia.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, defendeu a posição da China na guerra, dizendo que “fez esforços consideráveis para diminuir a situação, desarmar a crise e reconstruir a paz”.
A China se recusou a condenar a invasão da Ucrânia pelo parceiro estratégico Rússia, ou mesmo se referir ao conflito como uma guerra.”Nós nos opomos a acusações e suspeitas infundadas contra a China, nem aceitaremos qualquer pressão ou coerção”, disse Zhao. “O tempo dirá que as alegações da China estão do lado certo da história”.
A China também ampliou a propaganda russa sobre a guerra, incluindo alegações não comprovadas de que os EUA e a Ucrânia estão desenvolvendo armas biológicas. O país se opôs firmemente às sanções econômicas contra a Rússia e se absteve ou ficou do lado de Moscou nas votações da ONU após o início da guerra em 24 de fevereiro, apenas algumas semanas depois que o líder russo Vladimir Putin se encontrou com o chinês Xi Jinping em Pequim.