Dom Jaime celebra a última Semana Santa como Arcebispo

O Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, deu início nesta quinta-feira (14) às celebrações do que pode ser sua última cerimônia da Semana Santa na condição de principal liderança da Igreja Católica no Rio Grande do Norte. Dom Jaime completou 75 anos no último dia 30 de março e está preparando sua transição para deixar o cargo de Arcebispo. Foi a primeira celebração da Semana Santa na igreja desde o início da pandemia.

“Meu sentimento é de alegria, de ação de graças a Deus e certamente, com as falhas que temos, que somos humanos, alguma palavra às vezes áspera, alguma falta de paciência para com alguém, enfim só tenho a render graças a Deus por tudo. Foram três igrejas particulares que o senhor me concedeu a graça pastorear Caicó, Campina Grande aqui em Natal. Por isso nós só podemos render graças ao Senhor, tudo posso naquele que me fortalece”, disse Dom Jaime.
A missa teve um caráter especial para os presentes. Desde o início da pandemia de coronavírus, em virtude da recomendação contra aglomerações, esteve suspensa em 2020 e 2021. Dom Jaime aspergiu os fieis com água benta, trazendo felicidade e emoção para os presentes. Mesmo com a retomada e vacinação avançada, alguns protocolos seguem sendo respeitados.
“Tivemos grande surpresa feliz que foi no Domingo de Ramos com igrejas superlotadas, com 2 mil pessoas só aqui na Catedral. A gente vê a sede do povo de poder celebrar de forma presencial. Seguimos a risca algumas questões, como a opcionalidade da máscara, e em alguns momentos da celebração não fazemos da forma como fazíamos antes, como beijar a mão do bispo. Somos 200 padres, foi apenas um padre. No lava-pes tem a lavagem, mas não tem o beijo, nem o beijo da cruz. Ainda estamos sendo privados por uma questão de segurança”, explica o padre Valdir Cândido, pároco da Paroquia da Catedral, que completou 20 anos de sacerdócio.
A missa celebrada na manhã desta quinta-feira foi a tradicional Missa dos Santos Óleos, missa que chegou a durar mais de duas horas. Nesta celebração, os óleos que são utilizados nos batizados, crismas e orações pelos enfermos são abençoados. A missa também marca a renovação das promessas feitas pelos padres quando são ordenados. Cerca de 200 padres estavam na missa.
Quem esteve presente foi o padre Raimundo Lopes, da Paróquia do Alecrim, estava renovando seus votos pela 54ª vez. “É uma necessidade que os padres têm, assim como na noite de páscoa se renova as promessas do batismo para os fiéis, essa quinta-feira renovamos nossas promessas sacerdotais para o sacerdote. Renovar é como uma conversão, é sempre bom para vermos o que precisamos corrigir, a direção que devemos tomar”, disse.
As amigas Suzete Barbosa, 75, e Maria do Livramento, 58, estiveram presentes na missa e se disseram realizadas com o retorno das missas presenciais e a celebração da Semana Santa na Igreja.
“Estou me sentindo muito alegre, porque é uma missa que tínhamos todo ano e faz dois anos que não temos aqui. Com a despedida de Dom Jaime, estou triste, porque ele é uma pessoa boa, fala com todos, do bem, espero que venha um igual a ele”, disse Maria do Livramento.
Para Suzete, que é aposentada, o Arcebispo Dom Jaime vai deixar saudades e ela espera que o sucessor tenha personalidade parecida.
“Me sinto realizada, porque nessa pandemia eu ficava muito triste, porque nasci e me criei na igreja, trabalhei também. Hoje me sinto abençoada por ter voltado pela graça de Deus. Só me sinto triste por minha mãe não estar aqui, porque está doente”, diz. “Quero o maior bem a Dom Jaime, bispo comunicativo, popular, esperamos que venha um igual a ele, porque como ele acho que não tem não”, disse Suzete.