Uma organização criminosa que clonou mais de 10 mil veículos, entre eles 3,3 mil viaturas do Exército, foi desarticulada na manhã de hoje (24) pela Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). A operação recebeu o nome de Fiat Lux.
Para cometer as fraudes, a organização contou com apoio de 95 servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e de 20 despachantes. Oitenta e cinco desses servidores trabalhavam no Detran de São Paulo. De acordo com a PF, não houve participação de servidores do Exército na ilegalidade.
Segundo o delegado Elmer Coelho Vicenzi, comandante da operação, uma das fraudes cometidas pela organização consistia na clonagem de chassis para legalizar carros roubados ou para criar veículos inexistentes para financiamentos.
“Todo veículo, quando sai da montadora, recebe uma numeração, que é o chassi”, explicou o delegado. De acordo com ele, esse chassi, mesmo antes do veículo ser emplacado, entra em um banco de dados federal, numa parte denominada de pré-cadastro. “Os criminosos utilizam essa brecha para obter esses chassis que não serão emplacados e passam a utilizá-lo para esquentar carros roubados”, completou.
Além da clonagem de veículos, a operação também identificou que os servidores do Detran criavam veículos fictícios, que existiam apenas no Sistema Federal da Secretaria Nacional de Trânsito. Esses veículos eram dados como garantia em operações financeiras.
A organização também cometia outro crime: eles inseriam no Sistema Federal de Registro de Veículos Automotores, automóveis comprados na Zona Franca de Manaus [onde tinham isenção de PIS e Confins] e os emplacavam em São Paulo, numa tentativa de burlar a fiscalização. Com essa prática, o abatimento ilegal de cada veículo, a maioria caminhonetes, girava em torno de R$ 30 mil. Os veículos eram então revendidos sem recolhimento de impostos e com documentos falsificados.