Rafael Nadal chegou à Austrália desacreditado. Cinco meses atrás, estava de muletas tratando uma lesão no pé. Pensou até em não voltar mais ao circuito. Em dezembro, pegou covid-19 e não pôde treinar como precisava. Chegou a Melbourne como apenas o terceiro mais cotado e admitiu não estar preparado para partidas longas. Sofreu com o calor nas quartas de final. Teve dificuldades físicas novamente na semi. Superou os obstáculos na raça, e aos 35 anos, alcançou a final do Australian Open.
Faltava, ainda, um obstáculo enorme: Daniil Medvedev, número 2 do mundo, um rival dez anos mais jovem, campeão do US Open e favorito das casas de apostas. Neste domingo, o russo mostrou por que é tão eficiente em quadras duras e abriu 2 sets a 0. Rafa, no entanto, tinha o coração e tirou da cartola uma das maiores atuações – se não a maior! – de sua carreira. Não se entregou, encontrou uma maneira de equilibrar o jogo e viu, enfim, o oponente também mostrar-se vulnerável fisicamente. Implacável como em toda sua carreira, Rafa aproveitou a chance. Após 5h24min de jogo, fez 2/6, 6/7(5), 6/4, 6/4 e 7/5 e conquistou o 21º título de slam de sua carreira.